Talego-Rua Professor Sousa da Câmara, 147- 1070-103 Lisboa

 

Sexta-a-mesa dedica esta edição à cozinha alentejana. Duarte e Gonçalo Raposo, uma dupla  bem humorada, vieram de Mértola em 2023 assentando arraiais por Campolide, muito próximo  das Amoreiras para abrir  o Talego.  A origem desta palavra parece ser árabe e significa  um saco feito de pedaços de pano para transportar a merenda. Noutros tempos, fazia parte do quotidiano das famílias alentejanas que de alguma forma combatiam tempos difíceis e o eventual desperdício alimentar. Os ditos sacos eram costurados  à mão a partir de vários retalhos coloridos. Hoje, o talego  é visto como um objeto artesanal que remonta a esse quotidiano longínquo identitário dos usos  e tradições  populares.

 O vocábulo também é usado na Beira Alta.  Enquanto espaço, o Talego  é um pequeno santuário para quem já é cliente fidelizado  e  uma aventura feliz para quem o descobre. É num ambiente completamente informal e descontraído com várias referências típicas ao Alentejo rural que se acolhe. A alma alentejana é captada naturalmente pelos sabores mas também pelas memórias  visuais aqui expostas. Dispõe de um pequeno terraço nas traseiras podendo ser uma alternativa agradável em dias de sol e calor. A equipa prima pela simpatia e jovialidade, nunca faltando um sorriso e um cumprimento atento. 

Os irmãos Raposo entre dois dedos de conversa explicam os "comeres" aos clientes e  servem à mesa os pratos do dia que confortam  estômagos deixando os comensais com vontade de regressar. Outro ponto positivo, é o serviço  rápido mas que permite saborear à mesa  vagorosamente em consonância com o Alentejo. Ao comando dos  tachos e da cozinha está o Sr.° João, também ele alentejano, um verdadeiro alquimista  de sabores.

 Das 12h às 14 horas é um rodopio  entre as mesas completas e a clientela à porta a  fazer fila. Só aceitam reservas para os almoços  de sábado que funciona com pedidos à carta.           

Ficou prometido voltar para experimentar a sopa de tomate  alentejana com ovos escalfados e entrecosto de porco frito que é servido exclusivamente ao sábado. Sobejam as  razões para viajar pela gastronomia do Baixo Alentejo sem sair  de Lisboa.

   Viemos num dia chuvoso, passava pouco das 12h para arranjar mesa sem espera. Antes das 13h  já todas as mesinhas estavam lotadas.

Entre as várias propostas tentadoras como ensopado de borrego com alecrim ou sopa de cação em que é difícil optar, elegemos um cozido de grão à moda alentejana, com carne de porco, enchidos, fatias de pão embebido no caldo e a cheirosa hortelã, o melhor provado até hoje. Suculento, bem temperado chegou para dois e ainda sobrou!!! 

Feito um  intervalo, partilhamos  bochecha de porco assada, uma carne a desfazer-se que se separa facilmente do osso, prato notável e delicioso, servido com batata frita e uma salada bem temperada. A acompanhar um jarrinho  de  excelente  Pias , branco e tinto.

Foi preciso um segundo intervalo para a sobremesa e para que a chuva desse tréguas. Difícil, foi abalar, como se diz no Alentejo. Fugindo  à tradição conventual e à sericaia com ameixa de Elvas, escolhemos uma  mousse de café  muito cremosa , gulosa q.b.

O menu do dia inclui sopa, (hoje  de espinafres), pão, azeitonas, o prato principal, uma sobremesa bebida e café. Caso para dizer ,what else?

Estão expostos  alguns talegos que podem ser  adquiridos no local.

Voltaremos com toda a certeza pois em Lisboa é provavelmente a melhor mesa de Mértola. Convém não esquecer que em nenhum dia são servidos jantares!  Sexta-a-mesa  recomenda a inclusão do Talego na sua rota gastronómica. 

Aceitam MBW 

Preço médio : 13€ 

Até sexta! 💚